sábado, 8 de junho de 2013

Poesias de Carlos Drummond de Andrade


Poema de Sete Faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Poema de Sete Faces
Voto: Euler de França Belém
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.

No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Crônicas

A última crônica


A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve,  concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês.

O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas,  muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Primeiro contato com a leitura



Adoro ler e meu primeiro contato com a leitura não poderia ter sido melhor, afinal comecei a ouvir histórias desde bem pequena. Meus pais sempre leram para mim e isso foi despertando uma grande paixão; quando aprendi a ler já fui logo começando com "As reinações de Narizinho" de Monteiro Lobato, as histórias mágicas daquelas personagens me encantavam e me encantam até hoje. O tempo passou e a paixão só aumentou, mas hoje em dia procuro ler um pouco de tudo.

Abraços!!!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Minhas lembranças

Tenho viva em minha memória a lembrança de um final de ano, em que tinha terminado de aprender a ler e escrever , e ganhei dois livros de contos de fadas. Encantei-me com as páginas coloridas e com a pouca escrita, lia e relia, me sentindo dentro daqueles livros.
Foi a partir daí que comecei a ler mais e mais.Descobri que um tio meu colecionava revista de fotonovelas e histórias em quadrinhos, pedi emprestadas e as li todas. A partir daí passeia fazer teatrinho só para encenar as cenas das revistas.
Ao chegar na quinta série, minha professora de Português indicou o livro "Reinações de Narizinho"  de Monteiro Lobato para lermos nas férias. Após esta leitura e por conta própria li também Robim Hood, Escrava Isaura, Iracema, O Guarani e não tinha mais vontade de parar de ler.
Já na adolescência, aprendi a gostar de poesias e a partir das leituras destas fiz meu próprio caderno de poesias que minhas amigas na época pediam sempre para ler.
Acredito que essas experiências vividas foram de fundamental importância para o que sou hoje e contribuiram muito para a escolha da Faculdade onde me tornei professora de Língua Portuguesa e procuro sempre incentivar meus alunos para o hábito da leitura, fazendo-os entender que é através da cultura que eles se tornarão cidadãos diferenciados rumo ao sucesso em qualquer segmento que escolham.
A leitura amplia horizontes sendo que me identifiquei muito com o depoimento de Marilena Chauí, quando afirmou que o livro multiplica mundo ideias e sentimentos, pois ela diz que gosta de ler qualquer coisa que chegue em suas mãos, desde a bula de remédio ao dicionário.
                                                                                                                                
                                                                                                                Mirian Zanetti

segunda-feira, 3 de junho de 2013

        Outros tempos, outras leituras


 Quando criança costumava ler histórias em quadrinhos, livros de contos de fadas infantis e almanaques, principalmente o Almanaque Abril, publicado mensalmente com assuntos diversos e muito interessantes para a faixa etária.
 Na fase  da adolescência, lia revistas mensais direcionadas aos adolescentes,  fotonovelas e livros, principalmente de aventura e romance.
Atualmente leio o que sugerem ou me atrai pelo título. Gosto muito das obras da Ligya Fagundes Telles, Jorge Amado, Luís Fernando Veríssimo, Stanislaw Ponte Preta e muitos outros. Há  também uma autora norte americana, a Danielle Steel, que gosto muito de ler e recomendo aos amigos que o façam.
 Vale ressaltar que costumo ler a Bíblia, pois a tenho como um aprendizado contínuo, onde posso me alegrar, ser confortada e compreender as pessoas.
 Os últimos livros que li foram  os da coleção "Diário de uma garota nada popular", da autora americana Rachel Renée Russell, são infanto-juvenis e muito atrativos.Decidi lê-los para verificar o que minha filha estava lendo e o porquê se interessou tanto pelos quatro volumes da coleção.Valeu a pena conhecer essa obra, a qual pode ser utilizada em sala de aula pelo assunto que aborda, o vocabulário e todo o conteúdo que apresenta.
 Amo ler,sinto necessidade de ler. 

                                                                                                Maria Aparecida Martins de Almeida 

Apresentação do grupo

IZABEL APARECIDA SANTANA (Cursista)
Mauá-SP 

Olá a todos, sou professora da Rede Estadual há 14 anos, atualmente leciono em Mauá
 na Escola Estadual Irene da Silva Costa, e moro na mesma cidade, espero que possamos trocar nossas experiências e realizar um ótimo curso.




MARIA APARECIDA MARTINS DE ALMEIDA (Cursista) 
Mauá-SP 


Moro e trabalho na cidade de Mauá e, por coincidência, no mesmo bairro. No período da manhã sou PEB I na E.E."Vereadora Léa Aparecida de Oliveira" e ministro aulas em um dos quintos anos e no período da tarde  sou PEB II ,tenho aulas de Língua Portuguesa e Inglês na E.E. "Professora Maria Elena Colônia". Gosto muito do meu trabalho, de estar com minha família e viajar.


Mirian Zanetti

Olá, sou professora da Rede Estadual há 26 anos, leciono no período da manhã e da tarde na EE. Professora Maria Elena Colonia, no ensino fundamental II.
Gosto muito do meu trabalho, dos meus alunos, da minha família,  adoro ler e viajar.

                                      Minhas lembranças


 Dentre as minhas lembranças sobre a leitura, a primeira delas, foi na minha fase de alfabetização, era quando saia com minha mãe para o centro da cidade onde morávamos, e eu ia lendo todas as placas que encontrava pelo caminho, e ficava muito satisfeita porque acreditava que já era uma leitora.
 Mais tarde cursando o ensino fundamental II, a professora pediu que como leitura  de férias, lêssemos um livro chamado “Coração de Vidro”,  ( e que muitos de meus amigos consideravam aquilo como uma castigo, afinal ler nas férias...).Não  me lembro o nome do autor; se não me engano eram quatro histórias diferentes no livro, mas uma que chamou muito a atenção era a respeito de um pássaro que vivia numa gaiola, e ele relatava todas as suas  angústias  por viver preso, e a sua sede por liberdade, principalmente quando no quintal em que ele morava apareciam outros passarinhos, voando livremente e felizes. Ele tinha a consciência que seu dono o tratava com muito carinho, que o alimentava nas horas certas, tinha sempre a água muito limpa, mas isso não era tudo. Seu dono não conseguia entender que o que ele queria era sair voando sob a chuva, ver lugares diferentes, juntar-se a algum bando e brincar com qualquer outro pássaro.
 A partir dessa leitura, não queria ver mais nenhum pássaro na gaiola, e nunca permiti que na minha casa tivesse pássaros, até hoje quando vejo canto de pássaro numa gaiola, sinto que é um canto triste, porque não existe nada melhor do que sermos livres, donos do nosso destino, e de nossos  desejos.

Izabel Santana